A odisseia de Jack Gancho

Por Felipe Brayner, Biólogo voluntário de Onda Limpa para gerações futuras

Tartaruga Jack gancho

“Em um belo dia de sol, em caminhada diária na praia do farol(Olinda / PE), Diogo, um personal treiner, foi avisado por uma outra pessoa, que haveria uma tartaruga filhote encalhada na areia. 

Sem medir esforços, o mesmo a pegou e logo notou que sua pata posterior direita estava amputada, então a levou para sua casa, e ficou alimentando, por vários dias até ela se recuperar. Nesse tempo Diogo, foi pegando um carinho pela tartaruga. 

Foi onde eu entrei na história, e fui apresentado a Diogo, pelo meu amigo de infância João, que percebendo o crescimento de Tata (inicialmente chamada) já a 4 meses numa piscina de 3000 m3.

Começamos a fazer o trabalho por telefone. Como alimentar, dietas, acréscimo das águas vivas, camarões vivos, corais, esponjas etc. 

Se passaram 9 meses e Jack Gancho precisava de um espaço maior, de seu habitat natural. A despedida entre Jack Gancho e Diogo foi dificil, mas ele sabia da necessidade dele de voltar na sua verdadeira casa, o oceano.

Foi onde começou meu trabalho, intenso e diário de 11 dias de reabilitação, adaptação ao seu habitat natural, as barreiras de corais, indução a procura de alimentos vivos.

O que mais me preocupava , era sua desvantagem em nado sem uma das nadadeiras, pois teria que enfrentar predadores naturais agéis e do topo da cadeia alimentar dos oceanos, os tubarões. 

Mas Jack Gancho, como bom pirata, fez jus a seu nome e me surpreendeu em suas manobras agéis e precisas. E o que mais me deixou imprecionado, foi a capacidade de adaptação, como diz o criador da teoria da evolução :

“Não são os mais fortes nem os mais inteligentes, mas sim os mais adaptáveis” (Charles Darwin)

E a cada dia Gancho surpreendia seja caçando, nadando, interagindo ! Já estava a 5 dias com Jack, e o deixava bem livre em nossos treinamentos, e me perguntava, quando vou soltar ele !

Até que no 11 dia de treino, o mar estava forte, com prea, mar de 2.1 e foi acompanhado por crianças, amigos nativos e locais, parecia uma despedida. Deixei Gancho numa piscina grande, começamos a nadar, até que percebi que ele se aproximou, encostou seu casco na minha mão, olhou para mim, e nadou lentamente para além da grande barreira de corais. 

Foi uma despedida emocionante, locais que presenciaram, peguntaram se eu iria deixar Gancho ir, eu respondi que chegou a hora. 

Passado três dias, fui ao mesmo canto que o treinava, quem encontro ! Pois não exitei quando vi aquele casco com placas tão distintas, mergulhei o arrodiei e ele fazia o mesmo em nado sincronizado, uma sensação incrivel. Ficamos por horas nadando, depois foi para o fundo do coral e ficou lá, fui para casa alegre da vida, fiquei imaginando…

Jack Gancho

Será que o Jack vai ficar por ali muito tempo, para nadarmos juntos e logo depois tive dois encontros com o Jack onde foi realmente mágico.

Espero um dia, em meus mergulhos, ver o Jack Gancho novamente, o melhor cresci muito como ser humano, nos momentos com Jack.

Vida longa guerreiro !”